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- Voc tem amigos? 3jl2g
- Tenho sim. Como prova disto, vou citar pedaos de correspondncias mantidas com o mineiro Felipe Aguiar.
Escreve Felipe Aguiar:
Neste fim de semana vou a uma cidadezinha ao lado de Belo Horizonte que se chama So Sebastio das guas Claras, comumente chamada de Macacos pelos belo-horizontinos. Trata-se de um lugar rodeado pelo verde, com cachoeiras e com uma pequena vila com restaurantes de todo tipo, alguns bem sofisticados, outros mais rsticos, com comida caseira. Existem tambm boas pousadas na regio. Um pequeno plo turstico. Bom para curtir um friozinho e tomar vinhos. Neste local tambm h trilhas para motos e mountain bikes, muito frequentado.
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Um lugar para descansar verdadeiramente, livre das mazelas da selva de pedra, meu caro. E a apenas 30 km do centro de Belo Horizonte, acreditas?!
Escreve Fbio Brito:
Meu Amigo.
Acabei no indo a Belo Horizonte. Pane no avio da GOL. Estou agora debruado nas mincias do livro Capitais. As fotos para a edio Engenhos e Fazendas Histricas do Brasil' esto ficando belssimas. Ser a mais interessante publicao que teremos feito para o cliente Localiza desde o incio de nossa relao.
Como vai voc?
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Estou muito feliz. Fiz a minha primeira palestra em praa pblica Pindamonhangaba, no Estado de So Paulo , quando proclamamos a Repblica Brasileira da Mantiqueira'. Foi muito interessante. Pessoalmente te arei o conceito.
Em breve, para 2009, proclamaremos a Repblica Brasileira da Serra do Espinhao'.
At breve!
Escreve Felipe Aguiar:
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Grande Fbio, estarei na capital das Minas Gerais at 26/12, quando viajarei para a praia. Alis, diga-se de agem, a cultura do mineiro fortemente influenciada pela ausncia dos mares em nosso Estado. Ansiamos o ano inteiro o momento de nos encontrar com Netuno e Yemanj. As visitas so raras, porm intensas.
Ser um prazer receb-lo quando vier por estas bandas, outrora exploradas por Ferno Dias e sua trupe
Escreve Fbio Brito:
Buenas noches. Estou no Aeroporto de Cumbica, mais uma vez, e daqui sigo para Buenos Aires onde arei trs dias a trabalho. Te fao uma proposta: nos comunicamos espontaneamente a partir de 1 de outubro de 2008 e dentro de um ano publicamos um livrinho sobre nossas impresses e vivncias nesse perodo. Topas?
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Ah, no se preocupe, no haver custos para voc. Encontrarei algum para nos patrocinar. Uma obra singela, espontnea, verdadeira e dirigida a um publico seleto: nossos amigos. E assim iniciamos mais um tmido movimento para nos deliciarmos nos recordando do ado, quando tivermos 104 anos.
Escreve Felipe Aguiar:
Eu vou muito bem, um pouco ansioso pelas minhas frias de fim de ano, que arei na Cidade Maravilhosa. Nesta segunda-feira, dia 8, ser feriado municipal em Belo Horizonte e devo ar o feriado na fazenda de um amigo na Serra da Canastra. Se realmente for, cuidarei de fazer umas fotos para voc conhecer tambm, caso ainda no conhea. Me disseram que muito bonito e repleto de cachoeiras.
Fico feliz que esteja feliz, sempre em novos projetos, sempre muito interessantes e curiosos. Deve ter sido sensacional sua palestra em Pindamonhangaba. Depois me conte como funciona essa nova Repblica!
Escreve Fbio Brito:
Centro de Aracaju. Mercado Central s 16 horas quando poucos, ainda sbrios, saboreiam a fugaz tarde de um domingo de vero.
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A costa litornea, embora bastante ocupada de maneira desordenada, ainda mantm o seu encanto.
Os coqueirais monocultura se estendiam a perder de vista. Pouqussimos veculos transitavam pela rodovia. A sensao de estar s me abriu os olhos, mais uma vez, para o caminho que traamos durante a nossa existncia.
No creio na possibilidade de compartilhar com outras pessoas essa busca incessante de conhecimento atravs da locomoo continua. S me resta escrever para poder, no final de minha trajetria, recordar-me de forma mais concreta das vivncias ocorridas nessa agem inexplicvel.
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No litoral alagoano hospedei-me em uma charmosa propriedade de um francs que serviu na guerra do Kosovo. Ser polmico, vibrante, contestador e desorientado. Sua esposa, indgena do Amap, sbia e o leva pelas pontas dos dedos; ela lhe oferecer em breve, de seu ventre proeminente, um segundo filho. H anos que no dialogava de maneira to profunda e to prxima da capacidade de raciocnio possvel em uma conversa tensa e intelectual entre trs pessoas inconformadas.
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Pela tarde conheci uma das mais belas paisagens que vi at os dias de hoje. Fui dono do tempo, imperador dos sentidos, por cerca de trs horas enquanto deslizava pelas dunas douradas de um local ainda desconhecido do turismo nesse nosso mundo saturado e invadido por falsos viajantes, meros seguidores com cabresto e totalmente alienados.
Despontou no meu peito uma angstia profunda, uma tristeza avassaladora e um desejo intenso de compreender, de conhecer, de desvendar. De viver.
Escreve Felipe Aguiar:
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Ol meu amigo! Estive ausente ontem e agora estou lendo seu e-mail. Excelente descrio de cena e poesia. De verdade. Eu desconhecia at o momento seu talento de escritor. Penso que seu olhar artstico usado na fotografia, aliado ao seu conhecimento do mundo e talento com as palavras, te habilitam a construir mentalmente as cenas em seus melhores detalhes, uma leitura diferente do mundo. Eu achei que os livros de sua editora eram sempre de fotos ou que a voc cabia exclusivamente esta parte. Estou com vontade de l-lo. Abraos!
Escreve Fbio Brito:
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Estou em Olinda, na Pousada Quatro Cantos.
Aqui tudo me emociona. O casaro e sua histria (pertencia a um rico comerciante de Alagoas), a juventude sem esperanas de viver um mundo
fcil (mas com muita garra), os habitantes cientes de sua cultura e o riqussimo patrimnio arquitetnico nas tortuosas ruas ladeira acima e vistas espetaculares abaixo.
Escrevo ao aguardar o almoo sob uma frondosa rvore, um flamboyant.
A servente-garonete, uma gentil adolescente de no mximo 19 anos, me apresentar o grupo de msicos que tocar (gratuitamente, diga-se de agem) no coreto da cidade. Vamos criar um projeto para ser enquadrado na Lei Rouanet e procurar dessa forma dar flego a esses artistas.
Felipe, sendo profundamente sincero, uma honra e satisfao t-lo como amigo. Algum que pensa, que questiona, que busca e que certamente
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conseguir o que almeja. Obrigado por me dar essa oportunidade de comunicao. Minha vida a de um ser errante que busca entender o que talvez seja incompreensvel: o que o Gigante Brasil.
Amanh ainda fico por aqui, em Olinda, e na quarta sigo para Macei e depois Penedo e Aracaju. Em Penedo espero reencontrar-me.
Um forte abrao.
Escreve Felipe Aguiar:
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20 graus, uma chuva fina. As nuvens cobrem a Serra do Curral como um edredom. Me deu vontade de voltar a dormir, mas os pensamentos de trabalho me mantm acordado. Uns dizem: voc tem que ligar pra fulano. Outros: que bom que hoje sexta. E, num sobressalto, outro ainda diz: caramba, vou chegar atrasado, que trnsito este? Imediatamente, com conscincia, coloco outro em minha mente: calma Felipe, tudo vai dar certo. Afinal o que tem de mal em chegar 15 minutos atrasado?
Pensamentos. Estas entidades incrivelmente autnomas, energias que se transformam em impulsos volitivos em minha mente. Tenho controle sobre eles? Nem sempre. Alis, quase nunca. Vivo como autmato. Refm dos pensamentos dos outros, da vontade dos outros, mergulhado neste mundo cultural j pronto antes de eu nascer. Sinto que nunca fui livre, penso pelos pensamentos dos
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outros, somos todos moldados a isto, a no pensar, a crer nas coisas ivamente. Dificilmente formo opinies sem ler os jornais, dificilmente profiro assertivas com palavras originais. difcil quebrar as barreiras da mente. difcil identific-las como barreiras, para ento quebr-las. difcil tentar conduzir a vida por um caminho diferente do usual, nadar contra a corrente. Somos estimulados todo o tempo a no quebrar a corrente. Somos severamente punidos socialmente por isto. A correnteza me leva e a vida a, como se o tempo fosse uma torneira aberta e eu no tivesse capacidade de reter nenhuma gota.
Mande um abrao ao Velho Chico'. Conheo ele aqui de pequeno', aqui perto da nascente, como um amigo de infncia. Em Penedo ele j um senhor de
idade. Sejamos como os rios, que renovam constantemente as suas guas.
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Escreve Fbio Brito:
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Quinta-feira. 21 horas. Hotel Braslia Palace.
Um cone dos anos 60. Um clssico da cidade dos candangos.
Quero-quero... quero-quero... E o canto do pssaro me traz de volta as recordaes de infncia no Cerrado Paulista, entre Araatuba e Pereira Barreto. Antes de meu ado ser submerso pelas guas do Rio Tiet e por acontecimentos que esvaziaram a minha alma. Por onde ei deixei um pouco de minha personalidade e levei comigo sensaes inesquecveis, que marcariam a minha irresponsabilidade.
Uma rvore frondosa quase gigantesca est delineada por uma meia lua que expande a sua luminosidade por todo o jardim at atingir as guas com reflexos prateados no imenso lago prximo ao hotel.
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Braslia encanta, comove, assusta e afugenta. Tudo contraditrio nessa urbe que rene o que h de pior da raa humana brasileira, em um cenrio frrico.
Descanso apesar das presses profissionais ao imaginar-me nas ruas histricas de So Flix e Cachoeira, no Recncavo Baiano, onde me encontrarei nos prximos dias.
Sou um ser nostlgico, pois amo o Brasil de outrora, terra com sua natureza intocada, cidades com casares seculares, praas, centros de convivncia, conversas no alpendre, banhos de bica, descansos sob as mangueiras e sonhos envoltos nas painas das imponentes paineiras e suas flores rosadas.
O vo suave de uma gara, o mugido distante da vaca em uma noite com relmpagos e promessas de trovoadas.
A saudade dor pungente, diz a cano. A saudade mata a gente, morena...
A morena mata a gente... De saudades...
A morena a vida que nos foge, que sorri distante em seu olhar meigo e traioeiro ao absorver a nossa juventude, em uma troca desigual em que nos oferece a experincia e nos suga a inocncia.
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