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Trs anos depois, l pelos idos de 1975/76, morando em Cachoeiro de Itapemirim e participando de discusses na Casa do Estudante, rgo de representao estudantil da cidade, j me preocupava os desmatamentos e a poluio de que era alvo no s Rio Itapemirim, mas, tambm o ribeiro de Burarama que era poludo principalmente pela indstria de cachaa existente nas suas proximidades que deitava no rio os seus resduos.
A vida seguiu seu curso e em 1981 morando no Amazonas tive um contato mais real com as questes ambientais e sociais daquela regio. Ento estudando direito na Universidade Federal do Amazonas, especificamente a matria de Direito Agrrio, foi que percebi o quanto era profundo o assunto que envolvia a terra, o desenvolvimento e a ecologia. Fiquei aproximadamente trs anos na Amaznia, os ltimos dois anos como funcionrio do Banco do Brasil na cidade de Tabatinga, na beira do Rio Solimes, fronteira com a Colmbia e o Peru. O suficiente para compreender que as conseqncias da explorao predatria e insustentvel da floresta amaznica iam alm da relao do homem com a floresta, abrangendo toda a vida que ali havia. A riqueza obtida por uns poucos, principalmente com a explorao da madeira, era a razo da misria de muitos.
Em 1984, em Varginha, como um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e seu presidente, j encaminhava discusses sobre as questes ambientais da cidade. Discutamos desde ento uma poltica municipal sobre o meio ambiente, agregando outros setores da sociedade nesse debate. Como forma de despartidarizar a questo, em 1988 juntamente com outros ambientalistas do municpio, sob a marcante influncia do Srgio Regina, conceituado e corajoso defensor das lides ambientais, fundamos a Associao Ecolgica Vertente, que teve como seu primeiro presidente o professor Jos Marcelino de Rezende Pinto e eu como vice.
A partir da Associao Ecolgica Vertente e da participao ativa no Codema, juntamente com outros interessados no assunto, travamos uma espcie de enfrentamento no s com as Indstrias e outros estabelecimentos poluidores de Varginha, mas, tambm com Indstrias da regio que poluam sistematicamente o Rio Verde e outros rios pertencentes s Bacias do Rio Grande e do Rio verde. Em alguns casos chegamos a levar s esferas judiciais nossas denuncias. Atravs de artigos escritos nos diversos jornais da cidade, contando com a assessoria tcnica do Srgio Regina, ao qual sempre rendo gratido pelo meu aprendizado, fui porta voz de inmeras denncias de agresses ambientais em Varginha e regio. Muitas empresas acabaram por se adequar a normas ambientais com vistas ao tratamento de seus dejetos e resduos. Nesse perodo ainda, quando da elaborao da Lei Orgnica do Municpio, membros da Vertente e do Codema participaram da discusso e incluso de todo o captulo que trata das questes ambientais no municpio, alm da definio deliberativa da competncia do Codema de Varginha.
Frente da Associao Ecolgica por diversos mandatos como presidente, em parceria com a chamada na poca Delegacia Regional de Ensino, que tinha frente a laboriosa Professora Lidia Braga Foresti, conjuntamente com a Plenria dos Conselhos Comunitrios tambm por mim presidida, realizamos por muitos anos consecutivos, no ms de junho, a Semana do Meio Ambiente, evento essencialmente educativo e de formao de conscincia.
Enfim, como se v no de hoje o meu envolvimento com a causa ambiental. Da que quando falo em analfabetismo ambiental, falo com conhecimento de causa e por acreditar que est na hora de uma anlise mais profunda sobre a questo e uma reciclagem no aprendizado ecolgico. E em se tratando do nosso municpio, especificamente, o que existe hoje so muito discurso, reunies e conferncias, e muito pouca ao objetiva e concreta. Coisa que interessa muito mais aos analfabetos ambientais do que queles que realmente anseiam por uma cidade saudavelmente sustentvel.
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