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Coluna | BRASILzo
Fbio Brito
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O editor e jornalista Fbio Brito responsvel pela edio e publicao de centenas de ttulos voltados s realidades do Brasil. Durante anos esteve frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, atravs de consultorias especficas nas reas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzo, inicialmente atravs do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilizao de vivncias de Fbio Brito por todo o Territrio Nacional e por pases por onde perambula em suas andanas.
Julho de 2016
03/08/2016

22a44

Era uma noite fria no cerrado do Brasil Central.

Sentado, em uma bar humilde e simples, com decorao e senso esttico inexistentes, localizado em uma rua sem movimento onde estavam espalhadas cadeiras e mesas de plstico, amarelas e desbotadas, sobre um piso de cermica marron claro que era uma singela pincelada de bom gosto naquele incuo ambiente popular sul-mato-grossense, eu sorvia a sensao mrbida e deliciosa da mescla de tdio com monotonia em terras para mim at ento longnquas.

Sobre uma das mesas expus os livros ,comprados em um sebo campo-grandense,Mar Morto,de Jorge Amado eO Gacho, de Jos de Alencar.Escritos, narraes e descries que nos levam a universos distintos de um imenso Brasil, terra de contrastes!

- "Como so melanclicas e solenes, ao pino do sol,as vastas campinas que singem as margens do Uruguai e de seus afluentes. A savana se desfralda a perder de vista,ondulando pelas sangas e coxilhas que figuram as flutuaes das vagas nesse verde oceano.Mais profundo parece aqui a solido, e mais pavorosa,do que na imobilidade dos mares."

- "A noite se antecipou. Os homens ainda no a esperavam quando ela desabou sobre a cidade em nuvens carregadas .Ainda no estavam acesas as lmpadas do cais, no farol das estrelas no brilhavam ainda as lmpadas pobres..."

Jos e Jorge, de Alencar e Amado,ambos inexistentes nesse final de ms de inverno nos trpicos, me transmitiam, atravs da leitura, a sua imortalidade impregnada nos romances, no mago do universo literrio ,quando a solido se impe insolente na materializao da conscincia do ser s, do estar s.

Me vem cabea cenas,sensaes de odores e de sabores, imagens de pessoas que h muito no vejo, luzes, ruidos, movimentos, lembranas... Puras recordaes!

Ouo badalar o sino de relgio de parede na antiga casa de minha av, na cidade paulistana de Barretos, e me sinto atordoado com o som dos cascos dos resistentes cavalos que atritam nos paraleppedos ao puxarem as charretes destinadas mobilidade humana, em detrimento do bem estar dos nobres animais. O canto do galo na madrugada anuncia o amanhecer do dia,os pingos sonoros da chuva em telhas de madeira de teto sem forro, o burburinho do deslizar das lmpidas guas cristalinas e mansas do crrego rumo ao bosque denso e impenetrvel, a gargalhada de uma criana no seio da noite! Estaria sonmbula? Seria o Saci Perer em suas estripulias? Seria um jovem mula-sem-cabea ou um esprito infantil errante?

Estremeo. Sou nmade de corpo e de alma, de sentimentos e de esprito. Sinto arrepios e em fuga percorro os labirintos de minha mente ,derivados de amores em ruinas.

Amo a folha, o caule, o tronco, a flor, a fruta,o tremor dos galhos em fria na ventania. Amo o olhar, os cabelos, os seios, o nariz, a respirao ofegante, os lbios, o raciocnio, os pensamentos em amores e paixes.

Amo a solido, slida companheira. Amo estar e ser s. A solido ativa o crebro!

"No ouvis nessa majestosa onomatopia repercurtir a surdina profunda e merencria da vasta solido">

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