Minha gerao cresceu e foi educada sob a nostalgia de um futuro prspero. Haveria desenvolvimento, haveria trabalho para todos, haveriam vagas nas universidades, haveriam casas para os pobres, haveriam mdicos nos postos de sade e ns seramos os polticos istrando e defendendo o bem comum. ramos o futuro do pas. Bem como nossos pais foram e, mais cedo que eles, nossos avs tambm.
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Caminhamos alguns os, mas o futuro no chegou. Talvez tenhamos superestimado nossa independncia. Talvez o grito do Ipiranga ainda precise ser dado. As joias da coroa no parecem to pujantes como j foram, e no porque no sejam, apenas no parecem. Como o caso da Petrobrs, por exemplo.
No podamos imaginar que o mantra “pas do futuro” se tornaria nosso karma. A esperana que nos embalava, hoje nos deprime. Mesmo sofrendo os dramas da realidade no ado, cheia de injustias sociais, desigualdades medonhas e servios pblicos precrios, tnhamos esperana de que atingiramos o desenvolvimento, nos tornando industrializados e tecnolgicos. E a sim alcanaramos a justia social, sendo mais fraternais e unidos. S que a ideia de jogar para o futuro a soluo dos nossos problemas no funcionou e j no convence mais. No temos mais futuro. O blefe falhou.
Muitos foram massacrados em nome de um futuro que no chegou, em nome de um futuro que no querem que chegue para todos.
Braslia, nossa capital moderna, o centro poltico do Estado que detm a 7 maior economia do mundo, foi erguida atravs da explorao daqueles que acreditaram no desenvolvimento e viram tomada ali sua fora de trabalho em um canteiro de obras violento e cruel. Nada muito espantoso para o ltimo pas a abolir a escravido. Se o nosso karma era “desenvolver para chegar l”, ns no chegamos. Mas mesmo assim continuamos ignorando as obras draconianas, como a usina de Belo Monte, por exemplo, um revs desenvolvimentista.
Agora assistimos outra vez uma promessa de futuro, 20 anos prev a PEC 241. Mais duas dcadas para nos desenvolvermos e chegarmos l, onde nunca chegaremos, mas sempre continuaremos puxando a carroa que leva uns poucos privilegiados. Os mesmos poucos que no sofrero os impactos dessa medida absurda. Mais uma vez, como sempre, os mais pobres e vulnerveis pagaro a conta. No foi esse o futuro prometido.
#ForaTemer