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Coluna | Periscpio
Wender Reis
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Pedagogo e Orientador Social, curioso observador de tudo que causa espanto no mundo.
Os voos que nos matam a todos
29/11/2016
Amanhecemos mortos hoje. Quem no amanheceu? Morri no avio que transportava a delegao da Chapecoense para Medelln. Morri, impotente e frgil ante a um avio cado.

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Em um voo que nunca ir terminar o cu nunca foi to negro em Santa Catarina. Nem um voo foi to nefasto.

Nenhuma ave quer sobrevoar nossas cabeas em uma atmosfera coberta de tristeza. A atmosfera de um dia sequestrado pela tragdia no calendrio.

Um voo perpetuo cujo o destino foi o no destino. Um dia que independente da previso do tempo, cinza.

As informaes se precisaram por volta das 7h30, mas as mortes nunca mais sero contidas.

Morri porque sou amante do futebol e quis um dia estar no mesmo lugar que eles.

Morri porque j me imaginei inmeras vezes em um acidente areo e como sobreviveria a ele.

Morri porque quero viajar mundo a eio ou a trabalho.

Morri porque confio nos responsveis por um voo.

Morri porque uma tragdia no cumpre protocolos de direitos humanos.

Morri porque eu j fui de algum modo todos os que morreram.

Morri entre os destroos da morte; como amanhecer de novo?

O voo no aterrissou como o previsto e o dia tambm no.

Ningum esperava, ningum previa, o plano era vencer um jogo.

No haver preleo, no haver entrevistas. No haver pster do time antes da partida.

76 pessoas sem chegar ao seu destino e sem retornar para casa.

As mensagens ainda chegam nos telefones das vtimas desejando boa sorte, bom trabalho...

As famlias ainda buscam por seus filhos, pais, maridos, esposas. A delegao est eternamente no silencioso.

Quem vai responder e avisar o que aconteceu?

No h nada que se possa dizer. Dizer no diz nada.

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