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Coluna | BRASILzo
Fbio Brito
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O editor e jornalista Fbio Brito responsvel pela edio e publicao de centenas de ttulos voltados s realidades do Brasil. Durante anos esteve frente de selos editoriais importantes e renomados e no presente momento impulsiona, atravs de consultorias especficas nas reas editorial e cultural, os selos Bela Vista Cultural e FabioAvilaArtes. A coluna Brasilzo, inicialmente atravs do Jornal Correio do Sul, de Varginha, foi iniciada em 11 de julho de 2004 e tem contado com a importante parceria do Varginha Online na disponibilizao de vivncias de Fbio Brito por todo o Territrio Nacional e por pases por onde perambula em suas andanas.
Gonaves Dias, Castro Alves e Rodrigues Alves: meu Brasil brasileiro!
22/12/2016

Quando Srgio Mamberti era animador de estudantes na antiga AEDA (Associao dos Alunos do Dante Alighieri);quando Naum Alves de Souza era meu professor de teatro na Fundao Armando lvares Penteado (a FAAP que se apresentava como uma faculdade de esquerda,nos idos dos anos 70); enquanto Sarah de Brito, artista plstica (ex-freirinha desgarrada no mundo do artesanato 4y5l1e

caiara do Litoral Paulista) buscava o seu rumo; So Paulo me acolhia assustado, amedrontado, intimidado frente ao universo desconhecido e ostil a um adolescente perdido e sem amigos...

... em 1964 havamos descoberto a televiso em preto e branco quando ns, meninos, nos reunamos na Casa de Dindinha, tia Maria Carlota,na outra charmosa e paulista cidade de Barretos, e ficavamos paralisados e bestificados em frente ao aparelho que prendia nossa ateno com desenhos animados e os longos e ousados beijos da atriz Rosa Maria Murtinho e seu colega de cena,Srgio Cardoso, nos dramalhes das telenovelas de poca.

- Nosso sonho?

- Conhecer So Paulo!!! L nos altos da Serra do Mar veramos o Pica-Pau , em cores, e desvendaramos os segredos da urbe que, sem sabermos o por que, nos fascinava!

... em 1966,por questes de sade-uma de minhas irms , a Leninha, que sofria de lupus nossa famlia migrou para a Capital Paulista.

A temperatura local, quase sempre amena e com densa e alta humidade do ar, me desvendava a Terra da Garoa. Ento adolescente, eu caminhava pelas ruas onde a bruma, a cerrao, a garoa, o chuvisco fino e a sensao de estar isolado, literalmente sozinho, na melanclica e fascinante So Paulo, me deslumbrava.

Caminhava pelas ruas onde os casares se impunham em Cerqueira Csar. Adentrava o Parque do Trianon fugindo do tdio que me causava a ironia dos alunos do Dante Alighieri ,onde eu estudava, por imposio de meus pais. Os colegas me apelidaram de "Botina" (pois eu andava calado como um caipira) ou de "Purqu" (devido ao sotaque interiorano).

No pequeno oasis ,Parque Trianon, encravado no elegante bairro eu me desligava do meu mundo das obrigaes escolares e desapareciam de meu cerbro a Professora Albanese, (a megera das matemticas), a Professora Piera, que nos obrigava a declamar poesias de Arturo Graf -...

"La Vetta Avanti! Pochi altri i e poi sarem sulla vetta!

avanti pur senza fretta, per mezzo agli sterpi e ai sassi..."

a Professora Hebe Reale, com seus ensinamentos de Histria e o Professor Pastore, de Qumica, que levou-me a ser, anos depois, expulso da renomada instituio de ensino.

A melancolia, a solido de um jovem que ara a sua infncia em uma fazenda e sua pr-adolescncia em uma motna e quente cidade paulista, tomava conta de meu ser e eu ora amava, ora odiava So Paulo.

O Bonde nos levava Cidade (pois assim chamvamos o Centro Velho da j desconexa urbe), e de suas janelas eu enxergava, assustado, o porvir que j me parecia turvo.

Em 1972, aos 19 anos, rompi com So Paulo e a deixei por cerca de duas dcadas para viver em Paris (a mais explndida das capitais) e posteriormente em cidades africanas (Abidjian e Lom) antes de aterrizar-me em Nova Iorque, na Amrica do Norte.

So Paulo se distanciara de meu cotidiano e eu de sua alma.

"Cpulas de So Paulo", "So Paulo a Cada Estao", "Botecos de So Paulo", "A Primeira Corrida da Amrica do Sul", "Capitais Brasileiras", "Ocupao Cultural do Centro Histrico de So Paulo "" Monumentos Paulistanos-Memria em Praa Pblica","So Paulo Corpo e Alma" ,"Memorial da Amrica Latina","O Clube de Campo de So Paulo" "Associao Brasileira A Hebraica de So Paulo","Artistas Italianos nas Praas de So Paulo","Mesas So Paulo, Arte de Viver e Arte de Receber","Histria do Masp","Homens na Cozinha", "Lina Bo Bardi","Prestes Maia e as origens do Urbanismo Moderno em So Paulo","60 Anos de Harmonia","Fundao Maria Luisa e Oscar Americano". "Novo Tiet"" Dante Alighieri, 100 anos", entre outras obras culturais auxiliaram-me a conhecer e a reconhecer So Paulo aps tantos anos de auto-exlio.

Mas So Paulo est maltratada, violentada, mal gerida, esquecida, desprezada e legada prpria sorte.

So Paulo pede ajuda, solicita respeito, carece de amor!

Palestras em Universidades, em Associaes e Entidades, em Unidades Carcerrias, fizeram com que novos amigos fossem vindo e indo, indo e vindo: o cengrafo Cyro Del Nero, a atriz Maria Clia Camargo que contribuiu para trazer ao Brasil os espetculos "Jesus Cristo Super " e "Hair" (manifestaes contestadoras no momento do Brasil "Ame-o ou Deixo-o"). A fotgrafa Maureen Bisiliat, o brasilianista Orlando Villas Boas, a ciclista e fotgrafa Renata Falzoni, o fotgrafo Dudu Tresca, o editor Alexandre Dorea Ribeiro, entre tantas outras almas nobres como Esmeralda Machado Borges de Brito, fizeram com que eu buscasse de forma incessante uma maneira de amar So Paulo.

Finalmente a descubro mas... onde estar o Hotel D'Italia, esquina da Rua Direita com a So Bento, onde se hospedara Antonio de Castro Alves e sua amante Eugenia Camara?

Por que sistematicamente os paulistanos e os seus habitantes vindos de fora destroem o ado da generosa, possuida e maltratada cidade?

Por que insistem em desfigur-la e violent-la constantemente?

Onde est a alma paulistana?

"Meu Deus! Quanta beleza nestes trilhos...

Que perfume nas doces maravilhas

Onde o vento gemeu

Que flores d'ouro pelas veigas belas!

... Foi um anjo c'oa

mo cheia de estrelas

Que na Terra as perdeu" (Antonio de Castro Alves)

So Paulo, tu ainda s bela por sua histria

Elegante por seus acontecimentos

Reluzente em nossa remota memria

Destruda e violentada por tantos aborrecimentos...

So Paulo mal amada! So Paulo desprezada

So Paulo sofrida porm querida (Botina Purqu)

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