Belm do Par - 11 de novembro de 2003. H quase que 17 anos atrs....
s dezoito horas, no findar o dia, o cu sombrio e seu manto negro transformou o centro da cidade.
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As abominveis bancas de vendedores ambulantes tornaram-se cinderelas. As luzes dos lampies iluminaram as frutas amaznicas amontoadas em sua abundncia. O artesanato local ressaltava aos olhos do transeunte e as fachadas dos edifcios mal cuidados desapareceram na penumbra que anunciava o findar do dia.
Era a chegada da magia da noite paraense, o encanto sutil de Belm do Par, a Princesinha do Norte, a Paris das Amricas.
Entre prostbulos, ruas mal pavimentadas, lixo amontoado no cho e as runas de uma cidade que fora outrora elegante e que perdera com o tempo a sua alma, encontrei-me em um bar simples com suas mesas e cadeiras de plstico azul suvinil. Paredes amarelo-manga, mquinas de jogos eletrnicos dos anos 70 j se transformando ento em objetos de decorao naquele ambiente bizarro e belo onde pedi uma cerveja e reencontrei o personagem viajante contumaz que se esconde em meu mago. Ele estava de volta. Ns ramos dois em um s.
Em cinquenta minutos, eu seguiria de Belm rumo sua rival capital do Universo Amaznico brasileiro: Manaus.
O Pas me chamava para a singela misso de contribuir para o resgate da entidade brasileira dentro de minha parca e fugaz competncia.
No dia seguinte, na Capital Amazonense, s 17h, fui recebido por representante de uma renomado e importante instituio financeira, potencial patrocinadora do projeto que levava em mos.O encontro foi incuo, pois o funcionrio pblico no tinha poder de deciso e parecia assustado face dinmica de um editor da iniciativa privada. Pensei comigo mesmo, de forma quase irritada: "coisa comum neste mundo de seres chupins, mamantes das tetas do Estado, vis personagens que se apresentavam como moluscos disformes, vorazes, lentos e incompetentes".

Veio - me ento, horas depois , aos ouvidos palavras de cano outrora submersa em meu crebro: ..."era um peito s, cheio de promessas era um s"..." gua do mar, mar cheia , mareia , mareia , agua do mar..."... e a msica O Canto de areia atravs da divina voz da saudosa cantora Clara Nunes tomava conta do ambiente atravs de um CD pirata utilizado em um bar popular manauara. A melodia me levava ao tnel do tempo, saudosa inocncia perdida, s angustias estocadas no peito de um jovem adolescente que fora produto de uma famlia pequeno-burguesa e algoz de seus prprios princpios no incio da incurso em busca da famigerada autoafirmao.
Com o esprito l atrs, desde ento, trs dcadas se aram e sinto que no amadureceu ainda em mim o jovem que permanece preso ao meu corpo pertencente a um ser de 50 anos; ente persistente, ora revoltado, ora inseguro ou amante do seu insosso cotidiano.
Na minha percepo, a velhice era uma imposio do Destino ,era a manifestao tambm do caminho bvio da decadncia fsica e mental e por isso a rejeitava.
Voltou-me mente a discordncia com as imposies da Vida: "no, no existi ainda o suficiente para usufruir da compreenso da existncia humana, do viver na sua verdadeira essncia e concepo da palavra". "Por que devo abater-me? Por que devo contrariar o meu instinto? Por que devo aceitar as imposies do Destino" />